Nada se cria, tudo se adapta

Marcel Duchamp trouxe às artes plásticas e à intertextualidade o ready-made (o já pronto), que consiste em deslocar o contexto original de um objeto e atribuir-lhe um novo sentido, um novo significado.

O discurso publicitário se apoderou do conceito desse processo criativo associativo, pois o ready-made possibilita editar informações do repertório cultural da sociedade, facilitando a compreensão do discurso. Continuar lendo

Nada se cria, tudo se parafraseia

Uma das técnicas utilizadas no processo criativo é a intertextualidade (textos que dialogam entre si), que pode:

  • Ridicularizar o texto – Paródia;
  • Apropriar-se do texto – Apropriação;
  • Estilizar o texto – Estilização;
  • Reafirmar o texto – Paráfrase.

Nesse post irei falar do último recurso.

A paráfrase está ao lado do idêntico e do semelhante, repousa sobre o pré-estabelecido. Ela usa um paradigma já existente e pouco faz evoluir.

Antes de parafrasear, o redator publicitário deve levar em conta a cultura do público-alvo, o conhecimento e o envolvimento desse target em relação ao texto-base.

Para exemplificar, escolhi este anúncio da margarina Amélia, da Vigor (não sei se chegou a ser veiculada e quem a criou).

O texto do anúncio usa a técnica parafrásica quando diz: “Amélia que é margarina de verdade”. Impossível não nos lembrarmos da música Ai que Saudades da Amélia (Ataulfo Alves). Os dois textos se referem à Amélia (tanto à mulher quanto à margarina) como superior, incomparável e única.

Parafraseie:
  • Utilize a mesma estrutura e ordem dos conceitos do texto-base.
  • Não exclua informações essenciais.

A intertextualidade é facilmente encontrada na literatura, especialmente em Manuel Bandeiras.

Dica de leitura: Do Caos à Criação (Carrascoza, João Anzanello) e Paródia, Paráfrase & CIA (Sant’Anna, Affonso Romano). Li os dois e asseguro que são ótimos.